Ou como o
patriotismo pode
arruinar um filme.
Dois filmes estrearam esse final de semana com uma coisa em comum, embora abordada de forma bastante diferente: O amor pelos Estados Unidos.
Invasão do Mundo: A Batalha de Los Angeles (Battle: Los Angeles) conta a história de uma tropa de marines que são mandados para resgatar alguns civis em um bairro prestes a ser bombardeado no meio de uma invasão alienígena.
Jogo de Poder (Fair Game) fala sobre uma espiã da C.I.A que é traída por seu próprio governo por tentar revelar ao público as mentiras contadas por Bush e outros porta-vozes como justificativa para a invasão no iraque (aquela velha história das armas de destruição em massa que nunca existiram).

A Batalha de Los Angeles aborda a bravura dos americanos em combate, não deixa de mostrar como os soldados são capazes de fazer atos heróicos sem pensar duas vezes, mesmo que isso ponha sua vida em risco, e não hesita em sempre tocar aquela música de super-herói toda vez que alguém se levanta para atirar em algum inimigo. Sem contar com aquela cena no começo em que o Sargento principal do filme saúda a bandeira americana no crepúsculo, coisa de fazer qualquer americano chorar.
Nada disso foi um elogio... muito pelo contrário.
Jogo de Poder é praticamente o oposto, não precisa de aliens e uma invasão à nosso planeta para mostrar como as pessoas que comandam essa terra tão amada por todos fazem coisas indignas desse sentimento. O filme mostra toda a investigação sobre as ADMs do iraque, e a descoberta de que elas não existem, o que não impediu a ação do presidente. Quando o marido da espiã encarregada dessa investigação resolve falar a verdade, o casal tem que pagar tendo a identidade da agente revelada para o público numa matéria de jornal, um ato mais que covarde.
A oposição dos dois filmes também se encontra na direção, enquanto Jonathan Liebesman (Batalha de Los Angeles) se concentra na ação, Doug Liman (Jogo de Poder) faz uma direção mais séria, o que não significa que não pode empolgar quando interessa para o roteiro.
Liebesman procura uma edição mais no estilo documental para seu filme, assim como em Distrito 9, mas ele não tem a destreza do sul-africano, ele força seus ângulos em busca falha por dramaticidade, e as suas cameras parecem estar fugindo dos personagens em vez de enquadrá-los corretamente. Em certo momento ele chegou a filmar um soldado de trás de uma lápida, e não foi só uma vez que ele deu zoom na televisão, nesses momentos não conseguia sentir nada além de vergonha alheia.
Liman, por outro lado, consegue dar uma aula de como usar uma camera-na-mão (aquele recurso usado em filmes como Cloverfield e Bruxa de Blair). A cena em que um iraquiano foge do som de tiros dentro do carro com seu filho e até cenas mais tensas dentro dos escritórios da central de inteligência tem mais poder que as cenas de guerra do outro filme.

Existe diversão para quem quiser arriscar assistir a Batalha de Los Angeles, quem gosta de cinema de guerra, cenas de ação e não é muito exigente deve se divertir, afinal os efeitos especiais e de som são fantásticos, mas se quiser um filme de verdade, busque Jogo de Poder.