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segunda-feira, 21 de março de 2011

Análise: O Patriota e a Espiã



Ou como o
patriotismo pode
arruinar um filme.














Dois filmes estrearam esse final de semana com uma coisa em comum, embora abordada de forma bastante diferente: O amor pelos Estados Unidos.
Invasão do Mundo: A Batalha de Los Angeles (Battle: Los Angeles) conta a história de uma tropa de marines que são mandados para resgatar alguns civis em um bairro prestes a ser bombardeado no meio de uma invasão alienígena.
Jogo de Poder (Fair Game) fala sobre uma espiã da C.I.A que é traída por seu próprio governo por tentar revelar ao público as mentiras contadas por Bush e outros porta-vozes como justificativa para a invasão no iraque (aquela velha história das armas de destruição em massa que nunca existiram).

A Batalha de Los Angeles aborda a bravura dos americanos em combate, não deixa de mostrar como os soldados são capazes de fazer atos heróicos sem pensar duas vezes, mesmo que isso ponha sua vida em risco, e não hesita em sempre tocar aquela música de super-herói toda vez que alguém se levanta para atirar em algum inimigo. Sem contar com aquela cena no começo em que o Sargento principal do filme saúda a bandeira americana no crepúsculo, coisa de fazer qualquer americano chorar.

Nada disso foi um elogio... muito pelo contrário.

Jogo de Poder é praticamente o oposto, não precisa de aliens e uma invasão à nosso planeta para mostrar como as pessoas que comandam essa terra tão amada por todos fazem coisas indignas desse sentimento. O filme mostra toda a investigação sobre as ADMs do iraque, e a descoberta de que elas não existem, o que não impediu a ação do presidente. Quando o marido da espiã encarregada dessa investigação resolve falar a verdade, o casal tem que pagar tendo a identidade da agente revelada para o público numa matéria de jornal, um ato mais que covarde.
A oposição dos dois filmes também se encontra na direção, enquanto Jonathan Liebesman (Batalha de Los Angeles) se concentra na ação, Doug Liman (Jogo de Poder) faz uma direção mais séria, o que não significa que não pode empolgar quando interessa para o roteiro.
Liebesman procura uma edição mais no estilo documental para seu filme, assim como em Distrito 9, mas ele não tem a destreza do sul-africano, ele força seus ângulos em busca falha por dramaticidade, e as suas cameras parecem estar fugindo dos personagens em vez de enquadrá-los corretamente. Em certo momento ele chegou a filmar um soldado de trás de uma lápida, e não foi só uma vez que ele deu zoom na televisão, nesses momentos não conseguia sentir nada além de vergonha alheia.
Liman, por outro lado, consegue dar uma aula de como usar uma camera-na-mão (aquele recurso usado em filmes como Cloverfield e Bruxa de Blair). A cena em que um iraquiano foge do som de tiros dentro do carro com seu filho e até cenas mais tensas dentro dos escritórios da central de inteligência tem mais poder que as cenas de guerra do outro filme.


Existe diversão para quem quiser arriscar assistir a Batalha de Los Angeles, quem gosta de cinema de guerra, cenas de ação e não é muito exigente deve se divertir, afinal os efeitos especiais e de som são fantásticos, mas se quiser um filme de verdade, busque Jogo de Poder.

domingo, 13 de março de 2011

Dica: O Mágico



O Mágico (L'Illusionniste, 2010)

Essa semana, os cinemas foram atacados por uma aventura faroeste de animação dirigida por Gore Verbinski, e estrelada por Johnny Depp. Quem já assistiu Rango sabe que não se trata de uma animação como todas as outras, e é nesse espírito que chega o segundo #Dica Da Semana (um dia atrasado).
O Mágico se passa na época em que shows de mágica, que eram grandes espetáculos e que iam para os maiores teatros do mundo entreter uma gigantesca platéia, passaram a perder seu destaque com o surgimento do Rock. É nesse cenário em que o personagem do título, que passa os dias tentando ganhar um trocado fazendo suas mágicas, conhece um pequena garota, que se encanta por ele, e passa a seguí-lo.
Não, eles não embarcam numa grande aventura, e nem passam por vários testes de fé para desmascarar algum corrupto, e eles muito menos provam que existe mágica de verdade. Como disse, essa é uma animação diferente, os truques não passam disso, meros truques, o que fica ainda mais evidente nas diversas partes do filme em que é mostrado como eles são feitos.

A animação é real, mas não deixa de ser linda, uma arte que lembra os bons tempos quando os desenhos ainda não eram feitos por computador, a trilha sonora passa a mesma mensagem de simplicidade, e as aventuras maravilhosas são trocadas por desenvolvimento de personagens (uma troca bastante justa).
Em O Mágico, os diálogos se resumem a grunhidos, gestos e algumas palavras soltas quando temos sorte, mas isso não impede que o filme conte uma história fantástica.

domingo, 6 de março de 2011

Análise: Gnomeu e Julieta




Releitura da clássica tragédia de Shakespeare, Gnomeu e Julieta (2011) pode ser visto como uma espécie de mistura de Toy Story com boa literatura, a questão de seres normalmente inanimados que ganham vida quando os humanos estão distantes e partem para muitas aventuras está lá, mas dessa vez envolta de uma história clássica.
A história todo mundo conhece: Dois jovens amantes estão loucamente apaixonados, mas não podem revelar esse amor pois suas famílias estão em guerra. Dessa vez da comuna de Verona nós acabamos nos jardins de duas casas conjugadas na Verona Road onde moram um senhor e uma senhora de meia idade, ela uma Montague e ele um Capuleto. Ambos com uma estranha fixação por gnomos de jardim.
A obra se mantém fiel (na medida do possível) à peça que a inspirou, algumas partes famosas estão lá, como os discursos da mãe de Gnomeu e de Julieta, mas claro que passados pelos filtros infantis para que eles fiquem mais engraçados e fáceis de entender.
É óbvio que, por ser um filme infantil, a parte da tragédia seria deixada de fora. Os gnomos conseguem o seu final feliz (se isso foi um spoiler, peço perdão) mas não sem passar por partes surpreedentemente fortes da obra original. Nada para emocianar tanto como a cena da fornaça em Toy Story 3, mas, mesmo assim, eram coisas que eu não esperava.

Fora isso o filme mantém a fórmula dos filmes de animação de sucesso, sem piadas que insultam sua inteligência, algumas referências e gags para agradar os mais velhos e personagens secundários que roubam a cena. E nesse caso realmente investiram muito nessa última parte, não temos só um coadjuvante adorável, mas 6: Shroom, o cogumelo mudo; Benny, o pequeno e engraçadissimo gnominho azul; Nanete, a sapa intrometida do lado vermelho; Panaldinho, o flamingo de plástico tagarela; e os pequenos coelhos e os pequenos gnomos vermelhos que servem como os peões de cada lado.
Não devo fingir que a maior parte do sucesso de Gnomeu e Julieta se deu por causa da trilha sonora feita por Elton John. Músicas clássicas foram utilizadas, o que com certeza levará um sorriso aos rostos dos fãs quando "Your Song" começar a tocar (e de forma bem inesperada), outras músicas foram revisitadas como "Crocodile Rock", que agora ganhou a adição dos vocais de Nelly Furtado, versão que ficou simplesmente deliciosa, e ainda ganhamos músicas inéditas, vide o dueto de Elton John com Lady Gaga em "Hello, Hello", provando que essa amizada rende bons frutos musicais.

Quanto às vozes, nós brasileiro perdemos mais uma vez. Com a bem mais ampla distribuição de cópias dubladas, nós somos forçados a trocar um elenco que contem James McAvoy, Emily Blunt, Michael Caine, Jason Statham, Patrick Stewart e até Ozzy Osbourne por Daniel de Oliveira, Vanessa Giácomo e Ingrid Guimarães. Uma coisa é certa, eles não são tão ruins na dublagem como Luciano Huck, mas sem dúvida, se você tiver acesso à uma versão legendada, não pense duas vezes.
Gnomeu e Julieta é uma ótima animação, e sem dúvida é a que tem melhor trilha sonora. Levante a mão quem quer ver Lady Gaga e Elton John ano que vem se apresentando no Oscar.

sábado, 5 de março de 2011

Dica: Tá Rindo De Quê?


A partir dessa semana vou abrir mais uma categoria de post da semana, a #Dica Da Semana (com hashtag porque twitter é legal), que vai ter todos os sábados (por que sábados? por que é o final da semana, é o dia que geralmente tenho livre e, acima de tudo, porque sim! =]).
As dicas geralmente vão ser de filmes, mas se preparem para qualquer coisa, se nada der certo quem sabe eu não coloco um disco, ou programa de tv, ou jogo, ou livro, emfim, tudo pode acontecer. Vamos começar?

Tá Rindo De Quê? (Funny People)


Pensei em fazer uma homenagem ao carnaval que está marcando nossas vidas esse final de semana, mas aí eu lembrei que não gosto desse feriado. Mas pra não perder o clima de alegria, que tal uma comédia? Mas claro que não pode ser qualquer comédia. Uma comédia de Judd Apatow.
Esse cara é o responsável por dirigir algumas das melhores comédias recentes, como O Virgem de 40 Anos e Ligeiramente Grávidos, além de produzir muitas outras como Superbad - É Hoje e Segurando as Pontas.
Nesse filme ele volta a trabalhar com seu parceiro Seth Rogen (que pode ser visto nos cinemas em Besouro Verde) e aproveita pra trazer Adam Sandler, que geralmente é horrível em todos os seus filmes, mas que nesse até que está muito bom.
Sandler interpreta uma versão um pouco distorcida dele mesmo, um comediante de talento mas que por algum motivo só faz filmes estúpidos, infantis e ruins, que resolve apadrinhar um jovem comediante de começo de carreira (Rogen). Conforme a relação vai crescendo nós aprendemos que o personagem de Sandler está morrendo, e é aí que começa o drama, que é o que faz essa comédia tão especial.
Tá Rindo De Quê? é um prato cheio pra quem gosta de comédia, mesmo tendo algumas cenas melancólicas, onde o filme faz jus ao seu título brasileiro (um dos poucos casos em que um filme tem um nome mudado para melhor), e com o terceiro ato se arrastando em alguns momentos (o fato que a esposa e filhas do diretor terem destaque nesse ato pode não ser mera coincidência) esse ainda é uma das melhores comédias da década, e merece ser assistido.

Fiquem com o trailer, mas só assitem até 01:00, depois começam os Spoilers.

quinta-feira, 3 de março de 2011

BuildingHype: Sucker Punch

"Não acredito que me deram dinheiro para fazer isso" -- Zack Snyder


Zack Snyder fez poucos filmes, foram apenas quatro, mas isso não significa que ele não tem experiência. Em Madrugada dos Mortos ele nos deixou angustiados, em 300 ele fez boas cenas de ação, em Watchmen ele usou uma trama muito inteligente, e em A Lenda dos Guardiões ele nos deu a ligação emocional que faltava.
E agora ele vai juntar tudo o que aprendeu no filme mais ambicioso que ele já fez. Sucker Punch - Mundo Surreal é uma ópera nerd, é um orgasmo de referências e acima de tudo é um filme que promete. Mas será que Snyder vai conseguir atender a tanto hype?

A trama se desenvolve em volta de Babydoll, jovem garota que foi mandada para um hospício pelo seu padastro quando esse descobre que ela é a única herdeira de sua mãe. O padastro planeja lobotomizá-la, e Babydoll só tem alguns dias para escapar antes que o cirurgião chege.
E a forma que ela encontra de escapar é pela sua imaginação. Nelo o hospício se torno um bordel, e ela e suas amigas (Sweet Pea, Rocket, Blondie e Amber) partem para mundos imaginários em busca de artefatos que auxiliem a sua fuga.
É aí que a aventura começa, Babydoll e suas amigas viajam para as mais variadas situações: Um japão (mais-ou-menos) feudal onde samurais de pedra carregam metralhadoras; Uma terra média ao estilo J.R.R. Tolkien; Uma versão mais doentia da primeira guerra mundial onde os inimigos são zumbis; E até outro planeta.
Imagens falam mais e melhor que palavras, por isso, fiquem com o trailer do filme abaixo, que detalha bem os mundos do filme, e é embalado pela boa música "Panic Switch" da banda Silversun Pickups. Esses são provavelmente os 90 segundos mais frenéticos da história dos trailers.



Sucker Punch tem de tudo para ser um filme impressionante, mas muitos grandes artistas já caíram em desgraça por causa de hype extremo, será que já chegou tão rápido a vez de Zack Snyder. Já correm boatos que um dos próximos projetos de Snyder foi passado para Guy Ritchie porque, em uma suposta exibição-teste, Sucker Punch desagradou o público. O que pode ser muito perigoso para seu futuro visto que seus dois últimos filmes (embora ótimos) foram fracassos de bilheteria.
Quero muito gostar de Sucker Punch, mas toda vez que assisto esse ótimo trailer, uma parte de mim faz questão de lembrar de outro filme (esse aqui!) que tem um trailer fantástico, mas acabou sendo uma das piores experiências cinematográficas dos últimos anos.
Sucker Punch tem Emily Browning (Babydoll), Abbie Cornish (Sweet Pea), Jena Malone (Rocket), Vanessa Hudgens (Blondie), Jamie Chung (Amber) e Scott Glen (como o Sábio que dá conselhos às garotas). O filme estréia dia 25 de Março.