John Lasseter tem uma longa vida na direção de Animações da Disney e Pixar, foi dele que veio os ótimos Toy Story e o mediano Vida de Inseto. Mas também é dele a rara mancha no histórico da Pixar, Carros.
Carros foi uma boa idéia e tenho que admitir que por os olhos no para-brisas em vez de nos faróis como geralmente era feito nas outras animações foi genial. Mas nem tudo era verde em Radiator Springs.
Carros foi um filme chato e não tão engraçado que trouxe uma história já manjada e feita várias vezes ao longo dos anos. A história do famoso arrogante que é obrigado a baixar a bola e assim aprende uma lição de humildade, se redime e assim supera seus obstáculos e fica mais rico e famoso ainda, mas agora sem a parte da arrogância já é tão clichê que chega a dar nojo.
Por isso, com o anúncio de Carros 2 eu pensei que a Pixar, que estava indo melhor que nunca depois de lançar três grandes e lindos filmes seguidos, atingiu o inevitável ponto onde as coisas começavam a desmoranar. Afinal, depois do todo só vem a queda, e parecia que a luz de Luxo Jr estava pra se apagar.
Fui assistir ao filme com o único objetivo de ver o curta com os bonecos de Toy Story que tem antes dele, curta que aliás, perdi porque cheguei atrasado. Mas imagine minha surpresa quando o filme acabou sendo bom.
Todas as falhas do primeiro foram concertadas, Relâmpago McQueen já aprendeu a sua lição e pode dar lugar a verdadeira estrela do filme, Mate, o caminhão guincho caipira que roubou a cena no primeiro filme e conquistou o coração de muitos (menos eu, que nunca gostei dele) volta nesse filme que consegue conquistar até os mais amargos (sim, eu comecei a gostar dele).
Dessa vez o caipira entra sem querer numa intriga internacional com uns carros da inteligência britânica à lá James Bond. E é justamente isso que faz o filme tão bom, como Kung Fu Panda 2 provou nesse mesmo ano, filmes de animação tem a capacidade de fazerem cenas de ação bem mais fantásticas, já que não tem que se ater a besteiras como leis da física. Só num filme como esse batidas de carro poderiam ser tão dramáticas como um genocídio e inimigos gigantes podem existir. Se eles colocassem aquele enorme navio cargueiro como o grande vilão do filme em vez de fazer a reviravolta estapafúrdia que tentaram o filme talvez seria melhor, mas está bom como está.
Pois é, parece que afinal a Pixar ainda não atingiu o ponto de deslize de sua carreira, embora não seja nem de longe tão bom quanto Wall-E, Up ou Toy Story 3, Carros 2 não deixa muito a desejar. E conseguiu até me animar pra a chegada de Monstros S.A. 2, outra sequência que julgava desnecessária.