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domingo, 1 de maio de 2011

Análise: Deixe-Me Entrar



Pra mim, a história do primeiro livro do escritor de terror sueco John Ajvide Lindqvist, que foi adaptado tanto para o filme também sueco Deixa Ela Entrar (Låt den rätte komma in, 2008), como para seu remake hollywoodiano Deixe-Me Entrar (Let Me In, 2010, no Brasil 2011) é a história de vampiro perfeita.

Isso se dá porque ele reúne duas características que deveriam estar presentes em todos os filmes das criaturas da noite: 1) Violência, principalmente psicológica, um pouco gráfica, mas só quando é realmente necessário; 2) Uma história pesada, nada de tentar humanizar os monstros, sentimentos nobres como o amor podem ser retratados, mas sem deixar aqueles que os sentem bestas;

E são justamente nessas duas que se encontra a primazia do filme, raramente um remake americano de um filme europeu fica tão bom quanto o original, e mais raro ainda é quando esse remake supera seu original, mas foi isso que aconteceu nesse caso.

O filme conta a história de Owen (Oskar, no original) um menino de 12 anos pequeno, pálido, estranho e com dificuldades para se socializar, e por isso sofre bullying todos os dias de alguns valentões na escola. Um dia ele conhece Abby (Chloe Moretz, papel que no original era Eli) uma menina da mesma idade bastante diferente que acabou de se mudar com o que parece ser seu pai. Owen vê em Abby, uma versão feminina dele mesmo, com o mesmo ar estranho e anti-social, a primeira coisa que ela diz é que eles não podem ser amigos, mas o tempo vai cuidar para que eles acabem se apaixonando. Ao mesmo tempo que assassinatos misteriosos começam à acontecer nos arredores.


A diferença mais obvia entre esse e o filme sueco é que os americanos tem muito mais verba para investir em seus filmes, e por isso, as poucas cenas violentas ficam bem mais dinâmicas. Mas onde está a sua virtude também está a sua maior dificuldade, o dinamismo dos filmes americanos acaba estragando uma das melhores cenas do filme, a da piscina, por tentar ser rápida demais ou emocionante demais. Os cineastas dos Estados Unidos em geral não conseguem entender e muito menos reproduzir a beleza de um ângulo estático e sem cortes.

A história também foi vítima do puritanismo de hollywood, que resolveu ignorar por completo o segmento que explica que a menina vampira na verdade foi um menino castrado. Mas isso era de se esperar, afinal o público não reagiria bem de forma alguma.

Tirando só esses dois aspectos, o filme não deixa nada a desejar, e é sem dúvida, uma das melhores histórias de vampiro da década, dando um banho no novo culto de vampiro-bonitinho que se formou nos últimos anos.

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